Gatos Sempre Caem de Pé? Desvendando Esse e Outros Mitos

Os gatos sempre despertaram curiosidade e fascínio. Com seus movimentos graciosos, olhos enigmáticos e comportamento muitas vezes imprevisível, esses felinos ganharam não apenas nossos corações, mas também um bom espaço no imaginário popular — recheado de mitos, lendas e crenças curiosas.

Um dos mais famosos e repetidos é a clássica afirmação: “Gatos sempre caem de pé.” Quem nunca ouviu isso ao ver um bichano pulando de uma estante ou escapando ileso de uma queda aparentemente perigosa? Mas será que isso é mesmo verdade? Ou será mais um caso de exagero que se transformou em “sabedoria popular”?

Neste artigo, vamos mergulhar no universo dos gatos e desvendar esse e outros mitos que cercam esses companheiros misteriosos. Prepare-se para separar fatos de ficção — e talvez se surpreender com o que está por trás do comportamento felino.

Gatos Sempre Caem de Pé? – Verdade com Limites

Sim, os gatos têm mesmo uma habilidade impressionante de se endireitar no ar durante uma queda — e é daí que vem o famoso mito de que eles sempre caem de pé. Mas a verdade é um pouco mais complexa.

Essa habilidade é possível graças ao chamado reflexo de endireitamento, um mecanismo natural que permite que o gato reposicione o corpo no ar. Assim que percebem que estão caindo, os felinos usam a cabeça para determinar a direção da queda, giram o tronco, alinham as patas e arqueiam as costas para se preparar para o impacto. É quase como se fossem acrobatas natos!

Esse reflexo começa a se desenvolver por volta da terceira semana de vida dos filhotes e já está bem refinado entre seis e sete semanas de idade. Ou seja, mesmo os gatinhos aprendem rápido como lidar com a gravidade — mas isso não significa que estejam totalmente protegidos.

Apesar de serem mestres no ar, há limites importantes para essa habilidade. Se a queda for de uma altura muito baixa, o gato pode não ter tempo suficiente para completar o movimento de endireitamento. Já em quedas muito altas, embora ele consiga cair com as patas no chão, ainda corre risco de fraturas, lesões internas ou até traumas graves.

E aqui entra uma curiosidade que pouca gente conhece: a chamada “síndrome do gato paraquedista”. Esse termo é usado por veterinários para descrever os acidentes de gatos que caem de varandas e janelas de apartamentos — geralmente por viverem em andares altos sem telas de proteção. Em muitos casos, os tutores acham que “ele não vai cair” ou acreditam no mito da invulnerabilidade felina. Infelizmente, não é bem assim.

Por isso, por mais incríveis que sejam as habilidades dos gatos, o ideal é sempre manter telas de proteção em locais altos e garantir a segurança do seu bichano. Afinal, cair de pé não é sinônimo de sair ileso!

Gatos Têm Sete Vidas?

Quem nunca ouviu que os gatos têm sete vidas? Esse é um dos mitos mais antigos e populares sobre os felinos — e, curiosamente, ele muda de acordo com a cultura: em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, por exemplo, diz-se que os gatos têm nove vidas. Mas de onde vem essa ideia?

A origem do mito é incerta, mas tudo indica que está ligada à admiração ancestral pelos gatos. No Egito Antigo, por exemplo, eles eram considerados sagrados, quase divinos, e associados à proteção, cura e imortalidade. Já o número sete (ou nove) tem forte simbolismo místico em várias culturas, sendo frequentemente relacionado à sorte, perfeição e ao ciclo da vida.

Mas por que, afinal, os gatos ganharam fama de “imortais”?

A resposta está no seu comportamento e nas suas incríveis habilidades naturais. Gatos são ágeis, silenciosos, atentos e têm reflexos apuradíssimos. Conseguem se equilibrar em locais estreitos, saltar grandes alturas e escapar de situações perigosas com uma rapidez quase mágica. Muitas vezes, saem ilesos de situações que deixariam qualquer outro animal em apuros — o que reforça a ideia de que têm “múltiplas vidas”.

No entanto, por mais encantadores e resilientes que sejam, a realidade é simples: gatos não são imortais. Eles também se machucam, adoecem e precisam de cuidados, carinho e atenção constantes. A ideia das “sete vidas” é uma bela metáfora para sua força e capacidade de recuperação — mas não deve ser interpretada como um passe livre para o risco.

Ou seja, por trás do mito, existe sim uma base real: os gatos são verdadeiros sobreviventes. Mas cabe a nós garantir que cada uma dessas “vidas” seja longa, saudável e segura.

Gatos Pretos Dão Azar?

Entre todos os mitos envolvendo gatos, talvez nenhum seja tão persistente — e injusto — quanto o que cerca os gatos pretos. Durante séculos, esses belos felinos foram associados à má sorte, feitiçaria e maus presságios. Mas de onde veio essa superstição?

A raiz dessa crença remonta à Idade Média, especialmente na Europa, quando o medo do desconhecido e da magia era intenso. Naquela época, acreditava-se que as bruxas podiam se transformar em gatos pretos ou que esses animais eram seus “familiars”, companheiros mágicos usados em rituais. Como resultado, muitos gatos pretos foram perseguidos, assim como mulheres acusadas de bruxaria.

Com o passar dos séculos, essa associação se fortaleceu em algumas culturas ocidentais. Até hoje, há quem acredite que cruzar com um gato preto seja sinal de má sorte — especialmente em datas como a sexta-feira 13. Triste ironia para um animal que, na verdade, é tão adorável quanto qualquer outro.

Essa superstição, infelizmente, ainda prejudica a adoção de gatos pretos. Muitos abrigos relatam que esses felinos são os últimos a serem adotados e os primeiros a serem ignorados. Alguns chegam a passar a vida inteira esperando por um lar, apenas por causa da cor do pelo. Em certas épocas do ano, como o Halloween, há até recomendações para que a adoção de gatos pretos seja suspensa temporariamente, por medo de que sejam usados de forma irresponsável ou ritualística.

Mas nem tudo é má fama. Em outras culturas, os gatos pretos são vistos como símbolos de sorte e proteção. No Japão, por exemplo, acredita-se que trazem prosperidade e boas energias. Na Escócia, um gato preto na porta de casa pode significar que a fortuna está por vir. E entre marinheiros antigos, era comum manter gatos pretos a bordo para afastar o azar em alto-mar.

No fim das contas, a verdade é simples: a cor do pelo não muda o coração do gato. Gatos pretos são tão carinhosos, brincalhões e companheiros quanto qualquer outro. E quem tem a sorte de conviver com um sabe: eles são puro charme — com uma dose extra de mistério.

Gatos São Frios e Não Ligam para os Donos?

Essa é, sem dúvida, uma das ideias mais injustas sobre os gatos. Comparados frequentemente aos cães — que demonstram afeto de forma explosiva, com rabos abanando e lambidas entusiasmadas — os gatos acabam ganhando a fama de frios, distantes ou até indiferentes. Mas será que isso é verdade?

A resposta é: não mesmo! O que acontece é que gatos demonstram amor de maneira diferente. Eles são mais sutis, cuidadosos e sensíveis em seus gestos. Enquanto os cães são naturalmente sociais e buscaram, ao longo da domesticação, se integrar em grupos humanos, os gatos mantiveram parte de sua independência natural. Isso não significa que eles não se apeguem — apenas o fazem no tempo e no estilo deles.

Aliás, estudos recentes mostram que os gatos se apegam, sim, aos seus tutores. Um estudo da Universidade Estadual do Oregon, por exemplo, revelou que mais de 60% dos gatos domésticos demonstram um vínculo seguro com seus donos, semelhante ao que bebês humanos têm com seus cuidadores. Isso inclui buscar proximidade, sentir conforto na presença do tutor e demonstrar estresse na ausência.

Só que ao contrário dos cães, os gatos não precisam estar o tempo todo grudados para mostrar que amam. Eles demonstram carinho em gestos que, para quem não conhece, podem passar despercebidos. Veja alguns sinais clássicos do amor felino:

Ronronar quando estão no seu colo ou ao seu lado;

Cabeçadinhas (chamadas de “bunts”) — uma forma de dizer “você é da minha família”;

Seguir você pela casa, mesmo que em silêncio;

Dormir perto (ou em cima) de você, pois só fazem isso quando se sentem seguros;

Amassar com as patinhas, como faziam quando filhotes ao mamar — um gesto de conforto e afeto.

Portanto, se você acha que seu gato não te ama só porque ele não pula em cima de você o tempo todo, olhe com mais atenção. Os gatos têm um jeito discreto, mas profundo, de amar. E quando confiam em você, é porque você conquistou algo raro e muito especial.

Gatos Não Precisam de Banho Nunca?

É verdade que os gatos têm fama de serem super higiênicos — e com razão! Eles passam uma boa parte do dia se lambendo e cuidando da própria pelagem. Essa rotina de limpeza é mais do que vaidade: ajuda a remover sujeiras, regular a temperatura do corpo e até reduzir o estresse.

Graças à sua língua áspera, coberta de pequenas papilas em forma de ganchinho, os gatos conseguem escovar os pelos de forma muito eficiente. Por isso, na maioria dos casos, os gatos realmente não precisam de banho com frequência como os cães.

No entanto, isso não significa que o banho seja totalmente descartável. Existem situações específicas em que um bom banho pode ser necessário, como por exemplo:

Quando o gato se suja com algo tóxico ou pegajoso (óleo, cola, tinta, produtos de limpeza);

Se ele estiver com pulgas ou dermatites e for indicado pelo veterinário;

Em casos de gatos muito idosos, obesos ou doentes, que não conseguem se limpar sozinhos;

Quando o gato tem o pelo muito longo e acumulou sujeira ou nós difíceis de remover apenas com escovação.

Se você precisar dar banho no seu gato, é importante seguir alguns cuidados essenciais:

Use sempre shampoo específico para gatos (nada de produtos humanos ou de cães, que podem ser tóxicos);

Evite molhar a cabeça e os ouvidos;

Seque bem com uma toalha macia e, se o gato tolerar, use o secador no modo morno e silencioso;

Prefira horários tranquilos e esteja com paciência — alguns gatos lidam bem com a água, mas outros podem se estressar muito.

E se o seu gato for daqueles que já se assusta só de ver uma poça d’água? Nesse caso, o melhor é procurar a ajuda de um banhista especializado em gatos, que saiba lidar com felinos de forma calma e segura. O bem-estar dele vem sempre em primeiro lugar!

No dia a dia, manter uma escovação regular e cuidar da alimentação e da saúde da pele já é mais do que suficiente para manter seu gato limpo e cheiroso — do jeitinho que ele gosta.

Gatos Não Podem Ser Treinados

Muita gente acredita que só os cães são treináveis, enquanto os gatos seriam “rebeldes por natureza”. Mas isso é mais um daqueles mitos felinos que precisam ser derrubados. Gatos podem, sim, ser treinados — só que de um jeito diferente.

A grande diferença está no estilo de aprendizado e motivação. Enquanto os cães, em geral, buscam agradar seus tutores e respondem bem a comandos repetitivos, os gatos são mais independentes e seletivos. Eles aprendem rápido, mas precisam entender o que ganham com isso. Ou seja: se não houver algo interessante para eles, é bem provável que simplesmente ignorem.

Isso não significa que sejam teimosos — significa que são espertos. E quando você usa as estratégias certas, os resultados aparecem.

O que um gato pode aprender?

Mais do que você imagina! Com paciência e consistência, é possível ensinar seu gato a:

Usar o arranhador em vez do sofá;

Atender pelo nome;

Sentar, dar a pata ou até buscar bolinhas (sim, alguns gatos fazem isso!);

Usar a caixa de areia corretamente;

Tolerar transporte em caixas, tomar medicamentos ou participar de sessões de escovação sem estresse;

Evitar subir em lugares proibidos, como a bancada da cozinha.

Como treinar um gato? Use o reforço positivo!

O segredo está no reforço positivo, ou seja, recompensar os comportamentos desejados em vez de punir os indesejados. Veja algumas dicas básicas:

Escolha recompensas atrativas: petiscos, sachês, carinho ou brinquedos que ele goste;

Seja imediato: recompense logo após o comportamento correto, para que ele associe a ação ao prêmio;

Treinos curtos e frequentes: sessões de 5 minutos, algumas vezes ao dia, funcionam melhor que treinos longos;

Nunca grite ou puna fisicamente: isso só gera medo e pode prejudicar a relação com seu gato;

Seja paciente e respeite os limites do seu gato — alguns aprendem rápido, outros precisam de mais tempo.

No fim, treinar um gato é menos sobre “mandar” e mais sobre se comunicar com ele. E além de facilitar o convívio, o treinamento também estimula o cérebro do seu bichano e fortalece o vínculo entre vocês.

Ou seja, quem diz que gato não pode ser treinado é porque nunca tentou do jeito certo — ou não teve um bom professor. Mas agora você já sabe: com amor, paciência e um petisquinho, seu gato pode te surpreender!

Conclusão

Ao longo deste artigo, mergulhamos no universo dos gatos e desvendamos alguns dos mitos mais populares que cercam esses animais fascinantes. Vimos que, sim, gatos geralmente caem de pé, mas não são indestrutíveis; que eles não têm sete vidas, embora pareçam escapar de situações difíceis com elegância; que gatos pretos não trazem azar, e que, na verdade, merecem muito amor e sorte; que eles amam seus tutores, só demonstram de maneira diferente; que podem precisar de banho em algumas situações, e que são perfeitamente capazes de aprender, sim — desde que com respeito e paciência.

Desvendar esses mitos é mais do que curiosidade: é um passo importante para compreender melhor os gatos, respeitar sua natureza e oferecer a eles uma vida mais saudável, segura e feliz. Quanto mais entendemos esses companheiros silenciosos e observadores, mais rica se torna a nossa convivência com eles.

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